terça-feira, 14 de junho de 2016

Orientação Sexual na Escola

Diversidade sexual e igualdade de gênero: o que mudará com a BNCC,
tendo em vista que o tema Orientação Sexual foi excluído da proposta?

De Quem é a “Culpa”?
           Será que podemos pensar no ser, seja ele racional ou irracional sem
sua parte sexual, principalmente nos tratando de seres que são
extremamente relacionais? Não conseguimos pensar no ser humano sem a
sua sexualidade, por motivos óbvios como; a existência do próprio, e por
conta da nossa maneira de expressarmos aquilo que desejamos de forma
tão natural. Sexo há muito tempo é tratado como “um bicho de sete
cabeças”, temos uma grande dificuldade de lidar com o assunto, se
contrapondo com o que ele significa na vida de cada um; especialistas dizem
por exemplo que a vida sexual do casal precisa está sempre bem cuidada, já
que esse é o terceiro maior motivo de divórcios.
            A retirada do tema Diversidade sexual e igualdade de gênero dos
parâmetros mostra de forma clara um critério básico: Não sabemos como
lidar com tal assunto e por isso pegamos o caminho mais fácil, simplesmente
retirar, dessa forma ficando sem a necessidade de fato de debatermos. Esse
tema desafia o campo intelectual dos especialistas por se tratar de um
assunto polêmico que desperta interesses de muitas camadas da sociedade,
que por um ângulo deveria ser de muita colaboração, porém acaba se
tornando inúmeras vezes motivo para verdadeiros “ringues” em espaços
democráticos.
                Sabemos que as maiores causas do silêncio em um assunto tão
importante, visto que abrange a saúde física de crianças e adolescentes, são
por questões ideológicos pautadas sobre a esfera da religião, por isso além
de polêmico torna-se sensível já que nesse sentido estamos lidando com o
que há de mais precioso para cada indivíduo, a sua fé. Por isso tal tema é
um verdadeiro desafio para os que estudam a sociedade de uma forma em
geral, já que é preciso colocar o assunto em pauta, porém nãos se pode ferir
o outro.
           Os sujeitos que mais perdem com todo esse embate ideológico são as
novas gerações, já que os indivíduos hoje adultos não tiveram a
oportunidade de serem assistidos com políticas claras e acima de tudo
altruístas no campo educacional, observamos que a sociedade vive em
muitas crises principalmente se tratando da questão moral, e a falta do
diálogo maduro, responsável no contexto da sexualidade trás muitos
prejuízos para esses futuros cidadãos, já que a vida sexual do ser humano é
parte importante na formação de sua personalidade. Índices como gravidez
indesejada sobem entre as adolescentes, doenças sexualmente
transmissíveis, casos de depressão, e até mesmo violência doméstica; onde
muitas vezes adolescentes não sabem o que fazer depois de saberem que
estão grávidas e optam por começar uma família sem estarem sem nenhuma
base e nenhum aspecto. As consequências de não haver um diálogo
democrático no campo educacional são muitas, já que esses adolescentes
passam toda essa fase da vida na escola.
          Tal ignorância se repercuti, e os erros serão transmitidos de geração
em geração, sem serem aliviados muitos problemas de décadas e décadas,
apenas por falta de um consenso de uma harmonia no campo ideológico.
Sabemos que não podemos considerar o entendimento liberal sem nenhum
limite, porque se assim fizermos não há ordem cívica, por outro lado não se
deve radicalizar indo para o extremismo sem considerar as consequências
existente.
          A escola é e sempre será o espaço onde se formará opiniões sob a
ótica do conhecimento abrangendo os vários segmentos científicos,
apontando aos alunos caminhos e novos horizontes que podem ser
explorados, principalmente com as novas emendas educacionais que tem
como proposta sempre os temas da contemporaneidade, numa proposta
interdisciplinar, porém, acredito que o tema em questão é de uma delicadeza
que primeiramente deveria ser tratado no seio familiar, apesar de sabermos
das deficiências que a família tem em abordar a sexualidade de seus filhos,
ainda assim, a escola fica limitada sobre o que abordar ou não.
         A ligação entre escola e família necessita ser estabelecida de forma
forte e madura, há anos vivemos numa dinâmica de jogar a “culpa”, bem
obstante se tratando do contexto público, a escola joga a responsabilidade
aos pais e esses fazem o mesmo dizendo que o papel da educação
satisfatória é da instituição escolar, sabemos que ambos são fundamental na
orientação de crianças, adolescentes e jovens, porém, cada um aqui tem
papéis bem diferentes. A escola precisa urgentemente do apoio dos pais e
isso é gritante, mas o que vemos são trocas de alfinetadas que não nos
levarão ao objetivo de uma educação satisfatória.
         Se tratando da orientação sexual e identidade de gênero isso precisa
ser extremamente trabalhado, por motivos aqui já mencionados, políticas
devem ser minuciosamente planejadas para serem tratadas primeiramente
aos pais, se o conteúdo dos nossos objetivos forem passados de forma
clara, responsável e sem perder o cunho ético é possível sim debatermos e
orientarmos ao alunado da melhor maneira vista pelas duas partes
fundamentais: Escola e Família.
        Nenhuma proposta educacional desse cunho terá um bom
desenvolvimento se as famílias não forem consultadas, por esse motivo pode
ser visto que não dá para generalizar a proposta deve-se deixar “brechas”
para que no contexto de cada região possam terem liberdade de abordar o
assunto.
         Portanto um assunto de tal complexidade dever ser tratado com a
delicadeza merecida, visto o histórico de debates e discussões em cima
deste, é preciso abrir-se para novos diálogos novas concepções e também
abordagens para que se possa chegar a um entendimento ideológico, para
que assim possamos discutir e orientar as novas gerações.



Graduanda Alice Freire - Licenciatura em Pedagogia UFPI



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